Os outros CREOULAS

Os dois outros antigos lugres bacalhoeiros da classe CREOULA fotografados juntos no dia 4 de Março de 2011 na Gafanha da Nazaré.

Na década de 1930 a frota da Parceria Geral de Pescarias precisava de se renovar e o armador Sr. Vasco Bensaude encomendou em Inglaterra um projecto de lugre de quatro mastros destinado à pesca do bacalhau inspirado na antigas escunas da Nova Escócia. O resultado foi uma preciosidade em termos de arquitectura naval e em 1936 foram encomendados dois navios iguais à Sociedade de Construções Navais, em Lisboa.

O Fundo de Desemprego subsidiou as construções em 400 contos para compensar os custos mais elevados da construção naval em Portugal.

Os navios deveriam estar prontos para fazer a campanha de 1937 com os nomes de CREOULA e ARGUS. Entretanto o estaleiro passou a ser gerido pela CUF a partir de 1 de Janeiro de 1937 e em Fevereiro iniciaram-se na Rocha do Conde de Óbidos as construções do CREOULA e do seu irmão, entretanto cedido à Empresa de Pesca de Viana, do armador Vasco D'Orey, um dos braços direitos do Cte. Henrique Tenreiro, o homem forte das pescas do Estado Novo.

O ARGUS acabou por se chamar SANTA MARIA MANUELA e depois de muitos anos pelos mares em pescarias várias, acabou por ser preservado na sua traça original, convertido pela empresa Pascoal, para actividades turísticas. A mesma empresa comprou em Aruba o terceiro CREOULA, construído na Holanda em 1939 com o nome ARGUS, para a Parceria Geral de Pescarias, que agora aguarda recuperação em Aveiro. Fotos dos dois irmãos atracados a 4 de Março de 2011 na Gafanha da Nazaré.

Texto e imagens de Luís Miguel Correia - 2011