2007-07-19

O NTM CREOULA

O Navio de Treino de Mar CREOULA a navegar na baía de Cascais com uma luz única a realçar a grande beleza do seu casco de verdadeiro cisne dos mares.
A preservação do CREOULA após ter efectuado a última viagem de pesca do bacalhau em 1973 e a conjugação de uma série de acontecimentos felizes proporcionaram a Portugal dispôr de um dos mais belos navios de treino de mar empenhado em divulgar o azul imenso dos Oceanos junto da comunidade civil e os jovens, papel desempenhado activa e empenhadamente pela Marinha de Guerra Portuguesa, numa versão especial do seu habitual "Talent de Bien Faire"...
Fotografia dedicada à Dra. Raquel Sabino Pereira, veterana de infinitas navegações a bordo do CREOULA.
Texto e fotografia de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)

ANTIGOS LUGRES DA PARCERIA

Imagens dos antigos lugres de pesca do bacalhau da Parceria Geral de Pescarias. De cima para baixo:
- O lugre patacho GAZELA PRIMEIRO vendo-se pela sua proa o lugre de quatro mastros ARGUS.
- O ARGUS de 1939 a passar a ponte do Barreiro a caminho da Azinheira, seguindo na sua proa o rebocador a vapor CABO DA ROCA da Administração Geral do Porto de Lisboa.
-Três unidades da frota da PGP nos anos cinquenta, da esquerda para a direita, o GAZELA PRIMEIRO, o ARGUS e o HORTENSE de 1929.

Texto de Luís Miguel Correia; imagens da colecção L. M. Correia. Direitos reservados (copyright)

2007-07-17

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS»

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: pfi pfi pfiiiiiiii!!!! Alvorada! Alvorada!!». Sete da manhã, bato com as pernas na antepara e com a cabeça no armário, é sempre assim, não há nada a fazer, salto da boxe n.º 17, quase me estatelo para não pisar a Sofia, corro atrás da Teresa, o Henrique continua na Biblioteca, entro no chuveiro, abro a torneira da água fria no máximo, acordo finalmente, cantamos «The Phantom of the Opera», entra a Regina em estado de choque matinal, corro para a camarata, cruzo-me com o Pedro G. de escova de dentes na boca e com a Rita a bocejar, acordo a Bela, fujo dela, visto-me, calço-me e corro para ver o Sol! «Bom dia Atlântico!!!». São 07h30, desço para o refeitório, «Bom dia Martins!! Podes dar-me os meus iogurtes?...», hoje há fiambre e salsichas e ovos mexidos, que maravilha! Tudo misturado, um expresso bem tirado, os bons dias distribuídos e já são quase 08h30, o tempo foge a correr, mas o Pedro C. ainda está a preparar uma tosta para a Regina, fumo um cigarro com a Bela a meio-navio, desculpa-me por a ter acordado assim tão abruptamente.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: Formatura para limpezas! Formatura para limpezas!» Que imagem belíssima, três grupos perfilados. Chega o Nuno, a serenidade em pessoa, com um sorriso de orelha a orelha, calções azuis, ténis impecavelmente brancos e uma t-shirt exclusiva que nos deixa logo bem dispostos para o resto do dia. Chega o Imediato e a Doutora Mafalda. «Seeeeeentido!» (errrrt) «À vontade!...» O Mestre divide-nos por grupos, uns para as camaratas, outros para baldeações, outros para os amarelos. E lá seguimos… é bom limpar amarelos, temos uns minutos só para nós, para pensar na vida, em como é bom estar ao ar livre, descalços, com as mãos cheias de coração, cabelos ao vento, logo pela manhã, livres, no meio do Atlântico Azul… sem ser fechados numa sala com telefones, computadores e ares-condicionados, no meio dos papéis…

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: Volta às limpezas!». As mãos negras, mas a cabeça limpa, pensamentos arrumados, etiquetados, uns para arquivo, outros para destruir. Uma pausa para fixar o Mar. Entrar pelo mar dentro. Dar um mergulho em pensamento, olhar para o céu, regressar à Infância, onde há tempo para brincar e espaço para existir, espaço infinito, onde cheira a flores e a Primavera, onde podemos coexistir, sentir e rir à vontade, sem nos etiquetarem. Uma cagarra perdida no meio deste mar imenso sobrevoa-nos, acompanha-nos durante meia hora, e segue viagem, provavelmente rumo à Madeira. Agradeço a Deus por mais um empréstimo concedido. Passo pela cozinha, sou recebida com um sorriso e ar de missão cumprida pelo Jorge, pelo Romão e pelo Lázaro. Cruzo-me com o Oliveira e com o Santos a caminho da popa, o Orlando fuma tranquilamente a Estibordo. Passo pelo incansável Marco, que me sorri e encolhe os ombros ao soar o PSSSSSSSSCCHHHHHHHHHHHH de mais uma garrafa.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: o almoço vai ser servido!». Uma sopa de grão, um bife carregado de batatas fritas e lá se vai a dieta, uma maçã golden, mais um expresso bem tirado e um refeitório cheio de alegria e de boa disposição. Como se fôssemos uma Família imensa, cheia de irmãos e de irmãs, de primos e de primas, todos à mesa, em alegre repasto. O Miguel seria, sem dúvida, o meu irmão mais novo. O Sérgio, o meu irmão mais velho. A Teresa, a minha irmã do meio. O Eduardo o meu primo direito de Itália. O Ricardo, o meu primo de Cascais. Arrastamo-nos escada acima, o L.A. está à cunha, vem-me à memória a Espuminha deitada ao cimo da escada a pedir-me uma fatia de queijo e todos a darem-lhe festinhas… A digestão faz-se a meio-navio, impensável encostar às boxes, está uma tarde tão serena, todos convivem tranquilamente. O Director de Treino conspira com o Director de Treino Adjunto, não nos devem querer deixar dormir a sesta… «Há que os manter acordados!...» Sentido de humor apurado, deixa escapar meia dúzia de piadas com ar de quem está a comentar os resultados do Dow Jones.

«CREOULA GUARNIÇÃO: Marinheiro M Correia à ponte!». Bom presságio, vão abrir a arca dos gelados. O Chico sossegado, sentado na prancha das malaguetas do Contra-Traquete, com o seu panamá de pano e debruçado sobre a borda, na revisão final para o teste escrito de mergulho, o vento a embalá-lo.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: A arca dos gelados vai abrir!». É a debandada geral!... Não resisto e devoro um corneto de chocolate seguido de um calipso de morango. O José Luís González passa à frente do Steve e do António e explica-lhes a Inutilidade do Sofrimento. O Director de Treino oferece-me mais um gelado. Tenho uma overdose de açúcar. As eco-beas passam a servir de caixote do lixo para os papéis dos gelados. O Engenheiro Afonso, o Tenente Ventura e o Ricardo Granja já vão no terceiro corneto.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS, vai dar-se início dentro de momentos a uma Palestra sobre Modelos da Porsche dos anos 60, pela instruenda Raquel. Todos os interessados deverão comparecer a meio-navio»… Acordo sobressaltada e com suores frios, tinha adormecido, caíram-me mal os gelados, vai iniciar-se, isso sim, uma aula de Kizomba, ministrada pela Maria. A Mavisa salta prontamente para o pé dela, eu acompanho-a, um-dois-três, um, um-dois-três, um, não consigo seguir todos os passos, o navio baloiça imenso, está tudo a gozar.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: baleias a bombordo! Baleias a bombordo!» Mando um berro ao Luís Quinta, o nosso Homem da National Geographic do alto das escadas da casota do Grande: «Acooooordaaa!!! Baleias a Bomboooordo!!!!» e lá vem o Luís, a correr escada acima, quase tropeça, máquinas fotográficas e o-rings gigantescos ao pescoço, seguido pelo Chico Dias, com ar de quem dormia profundamente na biblioteca.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: o lanche vai ser servido.» Mas será possível que não façamos mais nada senão comer?! «Isabel, podias dar-nos uma aula de ginástica… pleeeeeease…», a melhor aula de ginástica que já tive em toda a minha vida e me provocou pela primeira vez à séria dores no que serão os abdominais superiores. E bato o record da desgraça dietética: vinte fatias de pão com manteiga e marmelada e trinta bolachinhas de água e sal com manteiga e doce de tomate, que reparto com o Francisco Bello, empurradas por uma malga de chá com leite.

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS, vai dar-se início dentro de momentos a uma sessão de educação física. Todos os interessados deverão comparecer a meio-navio». Começamos a caminhar lentamente, a mover os braços e a rodar os pulsos, para passarmos a correr, barriga encolhida, joelhos para cima, enquanto a Isabel conta até cem, desaceleramos, deitamo-nos no convés, fazemos duríssimas séries de abdominais e de flexões, dói imenso, há que manter a calma, surgem golfinhos a Estibordo mas é impossível parar, à excepção do Steve, que não resiste e se arrasta até à borda para os cumprimentar, falha uma série de abdominais, mas continua, com ar gazeado, o Nuno e a Regina à minha frente aguentam firme mas riem-se que nem uns perdidos, a Mavisa com ar de quem está a beber um copo de água mantém a calma, o Enfermeiro Luís Pereira com ar de quem lhe está a faltar… o ar, mantém a compostura, a Teresa tira-nos fotografias com um sorriso no olhar, enquanto o Gomes Pedro, encostado aos dóris, se questiona sobre o que nos terá dado, se teremos ensandecido de vez… Fazemos os alongamentos finais e terminamos com ar radiante, até que o José Touraes tem a lucidez de nos dar uma aula de Primeiros Socorros…

«CREOULA GUARNIÇÃO E INSTRUENDOS: o jantar vai ser servido». Há que repor energias, arroz de marisco e sopinha de massa, parece que voltei ao colégio, o Óscar está de faxina, a Paula esteve de rancheira, que bom que é ser Chefe de Grupo, e mais um expresso bem tirado. Momentos depois canta-se os Parabéns a meio navio e o Senhor Comandante presenteia todos com momentos inesquecíveis de Bossa Nova no violão e alegria no coração.
Cai uma chuva de estrelas. Refugio-me no esconderijo, sentada na arca de madeira nas traseiras da casota da Mezena, a água num turbilhão, os pés no moitão, a alma à deriva. Penso como é bom carregar o pano do alto da casota do Grande e agradeço ao David por me ter permitido participar nesta fantástica Aventura!»
Texto de Raquel Sabino Pereira, inicialmente divulgado no blogue [Atlântico Azul]. Direitos reservados (copyright).

2007-07-14

CREOULA: O NAVIO E A HISTÓRIA




O actual navio de treino de mar CREOULA reflecte orgulhosamente a história longa de 70 anos do lugre bacalhoeiro CREOULA.

O navio é, para além de uma unidade utilíssima na divulgação do Mar entre os Portugueses, um autêntico museu vivo, cheio de tradições e beleza.

Para além de muitos amantes do mar, o CREOULA tem inspirado também a criação artistica, caso do pintor de marinha Fernando Lemos Gomes, cuja interpretação do CREOULA (colecção particular de Raquel Sabino Pereira), se encontra temporariamente a bordo do navio desde 10 de Maio último.
Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)

2007-07-13

COMEMORAÇÃO DOS 70 ANOS DO CREOULA







Setenta anos de bons serviços prestados a Portugal enaltecidos em sessão solene na Doca da Marinha a 10 de Maio de 2007.
Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)

2007-07-12

CREOULA : 70 ANOS NO MAR A SERVIR PORTUGAL

Descerramento da placa comemorativa dos 70 anos do lugre CREOULA, a bordo do navio, no dia 10 de Maio de 2007, exactamente 70 anós após ter sido lançado à água no Estaleiro da CUF.
A placa foi descerrada pelo Senhor Capitão António Marques da Silva, último comandante do lugre CREOULA antes de este ter sido entregue à Marinha de Guerra Portuguesa em 1987.

Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)


CREOULA: PORMENORES DE BORDO







Um veleiro é sempre um manancial de temas para registar em fotografia. O lugre CREOULA não é excepção.
Imagens obtidas a bordo no dia 10-05-2007, setenta anos após o seu lançamento às águas do Tejo, na Rocha do Conde de Óbidos.
Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)

A BORDO DO CREOULA 10-05-2007




O lugre CREOULA é um navio histórico vivo. Mantém a tradição herdada da epopeia do bacalhau tendo encontrado uma vocação renovada no treino de mar, proporcionando anualmente uma primeira experiência de vivência no mar a cerca de 700 jovens das mais variadas faixas etárias
Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)

2007-07-11

CREOULA em "close up" 10-05-2007

Fotografias do Lugre CREOULA tiradas a bordo no dia dos 70 anos do lançamento à água. Um navio vivo e útil onde a beleza e elegancia se cruzam com a funcionalidade em todos os pormenores.
Um navio histórico reconhecido internacionalmente como bom exemplo das melhores tradições marítimas portuguesas.







Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)

2007-07-10

O CREOULA EM LISBOA 2006-07-22



Mais algumas imagens de pormenores do navio de treino de mar CREOULA atracado de braço dado ao N/E SAGRES, no cais da Rocha do Conde de Óbidos, dia 22 de Julho de 2006, durante a estadia no Tejo dos navios que participaram na regata" Tall Ships 2006".

Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)