2011-03-15

Os 62 dias do CREOULA...

A ideia de que o CREOULA foi construído em 62 dias tem que se lhe diga e penso que a realidade será um pouco diferente. 
O navio foi encomendado em 11 de Setembro de 1936 ainda à Sociedade de Construções Navais, empresa que deixou de ser concessionária do estaleiro naval da AGPL à Rocha do Conde de Óbidos, a 1 de Janeiro de 1937, quando aquela infraestrutura industrial foi entregue a CUF. As encomendas dos navios COMANDANTE PEDRO RODRIGUES (Para os Pilotos de Lisboa), CREOULA,  e SANTA MARIA MANUELA foram assim herdadas pela CUF. 
A história "oficial" dos 62 dias úteis de construção do  CREOULA tem de ser vista na perspectiva da época enaltecendo as qualidades dos nossos operários, etc..., como forma de aumentar a auto-estima nacional e reconhecer as virtudes do Governo da época e em especial do Chefe. O próprio estaleiro, sob orientação da CUF passou a estar integrado numa organização poderosa com uma boa máquina de propaganda que apresentava todas as realizações do estaleiro com superlativos e alguma exaltação realçando-se a nacionalização do estaleiro e da industria naval,como contraponto aos interesses franceses que dominavam a anterior concessionária. 

Assim as datas associadas à construção do CREOULA são:

11 de Setembro de 1936: contrato de encomenda

3 de Fevereiro de 1937: assentamento da quilha

10 de Maio de 1937: lançamento à água

30 de Junho de 1937: saída de Lisboa para a primeira campanha de pesca.

Os dias que o navio demorou a ser construído devem ser referidos desde a data de encomenda até à data de entrega, que foi Junho de 1937... 
De qualquer das formas, criar o CREOULA e o seu irmão em poucos meses foi um feito a assinalar... Hoje perdemos a capacidade demonstrada em 1937. Uma lancha hidrográfica como a AURIGA, construída no Alfeite, demorou quase 4 anos desde o assentamento da quilha a 17 de Setembro de 1984 até ao lançamento (26-05-1987) e a entrega a 2 de Março de 1988...

1 comentário:

Jordão disse...

E os "Patrulhões" da Marinha duram há quantos anos a sua construção. Um até já tinha nome e tudo (Ponta Delgada) mas nada. Continuamos à espera. Não é preciso dizer que fazem muita falta aqui nos Açores pois não?!

Um abraço.