2011-03-01

CREOULA de regresso à Azinheira...

As referências  ao lugre bacalhoeiro CREOULA na imprensa portuguesa do tempo em que ia à pesca do fiel amigo,  isto é de 1937 a 1973, são muitas vezes reduzidas a uma linha aqui e ali, como acontece com a rubrica dedicada  aos navios entrados em Lisboa e referidos na secção de movimento marítimo em Lisboa nas páginas do velho Jornal do Comércio. Normalmente era assim, apenas uma linha:
BARRA DE LISBOA - Navios entrados e 16 de Setembro de 1956: (...) CREOULA, português, procedente da Gronelândia, com carregamento de bacalhau (...)
A largada tinha sido em Abril logo a seguir à cerimónia da bênção dos navios do bacalhau frente aos Jerónimos, começava-se a pescar nos bancos da Terra Nova, muitas vezes fazia-se escala em St. John's, para abastecer de isco e mantimentos e depois seguia-se para a Gronelândia para acabar de encher o porão e iniciar o regresso a Portugal, habitualmente durante o mês de Setembro. Antes da entrada em Lisboa fazia-se uma escala em Ponta Delgada para desembarcar os pescadores naturais de São Miguel, pois a Parceria Geral de Pescarias fazia questão de dar emprego aos pescadores açoreanos.
Chegado a Lisboa, o CREOULA seguia para a Azinheira, amarrando às bóias em frente à seca da empresa armadora. Procedia-se à descarga do peixe, efectuavam-se beneficiações ao navio e ia-se logo começando a  preparar a campanha do ano seguinte, numa rotina que parecia desafiar os ventos de mudança que se viviam no sector das pescas. Foi assim até 1973, no final de Dezembro desse ano o CREOULA alterou o registo na capitania do porto de Lisboa, de navio da pesca longínqua para o tráfego local "para posterior venda ou abate." A sorte não abandonou o carismático lugre pescador e passados alguns anos de incerteza deu-se a compra ao Estado Português e a sua reconversão para navio de treino de mar, actividade que continua a desenvolver sob os auspícios da Marinha...
Imagem da colecção de L. M. Correia com texto de Luís Miguel Correia - 2011

1 comentário:

P. Mateus disse...

... pode, p.f., datar a foto?