Esta imagem tirada a bordo do CREOULA nos Bancos da Terra Nova durante a campanha de pesca de 1948 mostra pelas expressões dos tripulantes e da mascote toda a dureza da vida a bordo de um navio de pesca do bacalhau. E não esquecer que o CREOULA era um dos três melhores lugres.
A fotografia é atribuida ao segundo motorista Sr. Armando da Maia Rocha e faz parte do espólio do Cte. José Fraga que em 1948 embarcou como Piloto no CREOULA e fez muitas fotografias.
O cão chamava-se Peito de Ferro, nome bem sugestivo. Hoje o CREOULA é um autentico navio de luxo comparado com outros tempos.
4 comentários:
Boas.
Como aficionado que sou da Faina Maior, filho e neto de homens como estes, permita-me que discorde quando diz que aqui se vê toda a dureza da vida a bordo. Tirando o pescador mais "carrancudo" ao pé do cão, todos os outros mostram expressões perfeitamente normais, como se fosse hoje na nossa vida bem mais confortável de Rendimento Mínimo e férias no Algarve. Os homens nesta foto tinham um trabalho muito duro, mas sabiam que estavam a ganhar o melhor dinheiro que um pescador ganhava naquele tempo e que em 8 campanhas se ganhava dinheiro para "endireitar" uma vida, com família e casa. Não era preciso crédito bancário de 35 anos que nos "suga" a vida até ao tutano como hoje.
Hoje em dia ninguém quer trabalho duro, mas naquele tempo mais que a dureza, importava o que daí advinha.
Sei eu bem o estatuto (e dinheiro investido em barcos de pesca em Portugal) que 15 anos de pesca do bacalhau deram ao meu avô.
O cliché negro da Faina Maior, que muitos apregoam inúmeras vezes, tem muito o cunho da nossa vida de facilitismos actual, onde olhar para fotos daquele tempo é quase uma aberração ao nosso "pensamento desenvolvido" e justo dos dias que correm.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Sr. Fangueiro,
Como entusiasta dos navios e do mar e como editor deste blogue agradeço o seu comentário.
Registo a sua opinião.
Fico aliviado por, a crer no seu testemunho, a Faina Maior não ser esse calvário marítimo que alguns farão acreditar. Ainda bem que nesses tempos é que a coisa se fazia bem. E eu a recordar uma bela noite no mar ao leme com temporal desfeito e a água a entrar-me pelo pescoço e a desaguar nos pés, e eu a pensar "que raio estou aqui a fazer?". Devia ter ido em cruzeiro à Terra Nova em Setembro para experimentar a delícia da meteorologia local.
Boa noite!
Enquanto "navegava" pelas páginas da net deparei-me com este blog e fiquei chocada com o comentário do Sr. Fangueiro!Eu que tantas vezes ouvi os relatos do meu avô e irmão (capitães de navios bacalhoeiros) e sobretudo os do meu sogro (Capitão Asdrúbal Capote)com trinta anos vividos na pesca do bacalhau não posso crer que alguém pense que as longas viagens (e respectivas ausências) eram viagens turísticas em primeira classe!
Caro Luís hoje vi um vídeo sobre a vida dura destes homens e de facto o que ,mais me impressionou foram os grumetes,porque eram considerados como burros de carga.
Abraço e feliz Natal.
Simão Bessa.
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