Este hino ao Creoula, da autoria do instruendo Bernardo Pinto, ilustra bem a vida a bordo...
«Querida mãe, querido pai, então que tal?
Nós navegamos do jeito que Deus quer
Entre os dias que sopram, menos mal
Lá vem uma faina que nos dá que fazer
Neste barco nunca está tudo feito
A guarnição quer tudo no lugar
Se não há uns quantos cabos para colher
Chamam-se todos ao convés baldear
Quando há faina, isso é uma alegria
Luvas nas mãos para as velinhas içar
Bujarrona, traquete ou mezena
Que ainda por cima depois temos de arrear
O balançar é uma constante da vida
Neste pequeno mundo giratório
Para a alma mais sensível está prevista
Uma revigorante ida ao gregório!
Mas falemos de coisas bem piores,
Logo cedo pela manhã faz-se faxina
Amarelos, sanitas e corredores
Uma vez lá já não há saída
Que me havia de sair esta encomenda,
Não sabia quando dei a inscrição
Esta cena é dura a valer
Com cruzeiro tem pouca comparação
Há marujos na Marinha bem tramados
Inventam mil coisas para fazer
Quando julgávamos estar dispensados
Arranjam serviço para nos entreter
Mas nem tudo é desgraça neste mar
A Madeira foi boa de se ver,
Porto Santo isso foi só bronzear
Lá só nos deram sandezinhas para comer
À noite olhar o céu estrelado e
Esperar para ver o nascer do Sol
No Oceano somos o centro do Mundo
A sensação que dá para enganar o briol
O melhor mesmo foi toda esta gente
Que aqui acabou por se conhecer
Muitos amigos vão ficar desta viagem
Onde os fizemos nunca vamos esquecer
Visitadas as Desertas, Embarcar!
Toca a virar proa a Lisboa
Contamos em poucos dias lá chegar
Se a corrente não nos levar até Goa
Já não tenho mais queixinhas para fazer
Cumprimentos ao nosso pessoal
E no final de contas vamos ver
Se o Creoula não me vem a ser fatal.
E no final de contas vamos ver
Se o Creoula não me vem a ser fatal.»
Bernardo Pinto
Instruendo nº 24
26 de Julho 2000
Nós navegamos do jeito que Deus quer
Entre os dias que sopram, menos mal
Lá vem uma faina que nos dá que fazer
Neste barco nunca está tudo feito
A guarnição quer tudo no lugar
Se não há uns quantos cabos para colher
Chamam-se todos ao convés baldear
Quando há faina, isso é uma alegria
Luvas nas mãos para as velinhas içar
Bujarrona, traquete ou mezena
Que ainda por cima depois temos de arrear
O balançar é uma constante da vida
Neste pequeno mundo giratório
Para a alma mais sensível está prevista
Uma revigorante ida ao gregório!
Mas falemos de coisas bem piores,
Logo cedo pela manhã faz-se faxina
Amarelos, sanitas e corredores
Uma vez lá já não há saída
Que me havia de sair esta encomenda,
Não sabia quando dei a inscrição
Esta cena é dura a valer
Com cruzeiro tem pouca comparação
Há marujos na Marinha bem tramados
Inventam mil coisas para fazer
Quando julgávamos estar dispensados
Arranjam serviço para nos entreter
Mas nem tudo é desgraça neste mar
A Madeira foi boa de se ver,
Porto Santo isso foi só bronzear
Lá só nos deram sandezinhas para comer
À noite olhar o céu estrelado e
Esperar para ver o nascer do Sol
No Oceano somos o centro do Mundo
A sensação que dá para enganar o briol
O melhor mesmo foi toda esta gente
Que aqui acabou por se conhecer
Muitos amigos vão ficar desta viagem
Onde os fizemos nunca vamos esquecer
Visitadas as Desertas, Embarcar!
Toca a virar proa a Lisboa
Contamos em poucos dias lá chegar
Se a corrente não nos levar até Goa
Já não tenho mais queixinhas para fazer
Cumprimentos ao nosso pessoal
E no final de contas vamos ver
Se o Creoula não me vem a ser fatal.
E no final de contas vamos ver
Se o Creoula não me vem a ser fatal.»
Bernardo Pinto
Instruendo nº 24
26 de Julho 2000
In «Diário de Bordo da Viagem do Creoula à Madeira, de 19 a 31 de Julho de 2000», de Raquel Sabino Pereira (por comunicação via rádio a partir do CREOULA).
Texto e fotografias de Raquel Sabino Pereira. Direitos reservados (copyright)
Texto e fotografias de Raquel Sabino Pereira. Direitos reservados (copyright)
2 comentários:
A four legged sailor?
Very cool.
Era tão fofa e tão querida a Espuma. Tenho algures em casa uma foto dela. Aguardo a chegada da regata de Tall Ships Falmouth-Ílhavo-Funchal em Outubro para poder revisitar o Creoula.
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