A presença de portugueses nos mares da Terra Nova remonta ao período dos Descobrimentos, nos séculos XV e XVI, constando que em 1492 o navegador João Vaz Corte Real teria atingido a região, conhecida como Terra dos Bacalhaus, devido à abundância do referido peixe.
Nasceu assim em Portugal a indústria de pesca do bacalhau, que atingiu grande importância durante o século XVI, principalmente a partir dos portos de Aveiro e Viana do Castelo. Conjunturas políticas e económicas desfavoráveis traduziram-se num declínio acentuado da actividade durante os dois séculos seguintes, voltando os portugueses a pescar na Terra Nova a partir de 1835, com a Companhia de Pescarias Lisbonense, detentora do monopólio da actividade até 1857.
Por iniciativa da firma Bensaude & Cº., a pesca do bacalhau foi relançada em 1866, com o envio de dois navios a partir da Ilha do Faial. Posteiormente, esta actividade foi transferida para o Continente, adquirindo-se, em 1884, instalações no sítio da Azinheira Velha, Barreiro, na foz do rio Coina. Aí se desenvolveu a secagem de bacalhau e criaram instalações para apoio à frota. Seguiu-se, a 16 de Março de 1891, a constituição da Parceria Geral de Pescarias, sob a forma de parceria marítima, com um capital de 150 contos de reis, detidos maioritariamente por Bensaude & Cª. e a família Bensaude.
Durante mais de um século, a Parceria desenvolveu uma actividade destacada na pesca do bacalhau, integrando a sua frota, veleiros famosos, como o GAZELA PRIMEIRO, HORTENSE, CREOULA ou ARGUS, bem como diversos navios a motor, caso do NEPTUNO de 1958.
Excerto do livro CREOULA DE NOVO NA TERRA NOVA, de L. M. Correia, publicado em 1998 (ISBN 972-96940-7-9) Texto e fotografias de Luís Miguel Correia. Direitos reservados (copyright)